Instruções




  O apresentador de trabalho deverá escolher um simpósio temático de acordo com a listagem abaixo e, além disso, encaminhar o resumo de acordo as normas para resumo. No ato de inscrição na modalidade “apresentador de trabalho”, o inscrito será encaminhado pelo sistema para o envio do resumo para a equipe editorial. Havendo quaisquer problemas, por favor nos encaminhe mensagem pelo e-mail ledi.eneimagem@uel.br.



Temas



Arte(s), memórias e universo visual: miradas e investigações

Organizadoras: Ana Heloisa Molina (UEL) e Luciana da Costa Oliveira (UNISINOS)


  Este Simpósio Temático tem por objetivo discutir a intertextualidade e as interconexões entre as artes. A designação do termo Arte vem do latim Ars e significa habilidade. É definida como uma atividade que manifesta a estética visual desenvolvida por artistas em uma poética que expressa suas emoções, sua história e sua cultura imersa em um tempo e um espaço localizado.

  As artes visuais, além das formas tradicionais (pintura, escultura, desenho, gravura, arquitetura, artefato, desenho industrial), incluem outras modalidades que resultam dos avanços tecnológicos e transformações estéticas a partir da modernidade (fotografia, artes gráficas, cinema, televisão, vídeo, computação, performance) podendo ser analisadas de modo particular e/ou em várias possibilidades de combinações.

  Concordamos que a Memória Social é um campo de disputas que inclui processos múltiplos de produção e articulação das lembranças e esquecimentos dos diferentes sujeitos sociais. Assim, a cultura visual produzida por uma sociedade alimenta, exclui e silencia, em vários jogos de lembrar/esquecer, sujeitos e atores sociais, acontecimentos e cenas, inseridos em seu tempo e lugar históricos.

  Lembramos, ainda, que somos constantemente inquietados pelos objetos artísticos. E na confluência dos elementos que os compõem, no re-significar das inúmeras possibilidades de relações que nos proporcionam, tecemos novos saberes e construímos novos conhecimentos. Pensar os objetos de arte como fonte de pesquisa é, portanto, pensar problemáticas a partir de questões que nos são postas e nos desacomodam.

  Intenta-se, nesse espaço de diálogo entre pesquisadores de diversas instituições e diferentes níveis, fomentar a reflexão sobre os trânsitos entre as imagens artísticas, seus produtores, as instâncias nas quais se inserem, as apropriações ou re(adequações) sofridas, as memória re(apresentadas) e as possíveis leituras a serem decodificadas. Portanto, este simpósio, ao circunscrever a reflexão sobre imagens artísticas produzidas, incluirá pesquisas sobre artes visuais, publicidade, design gráfico, mídia, interferências urbanas e outras formas de expressão, considerando as idéias, as memórias, os sentidos e as tradições inseridas na produção-circulação-apropriação de seus signos e significados.


Justificativa

  Este Simpósio Temático justifica-se como uma proposta de diálogo entre pesquisadores de diferentes regiões brasileiras e internacionais que se dedicam às pesquisas sobre artes visuais e seus diálogos com as mais variadas mídias.

  O mundo atual caracteriza-se por uma utilização da visualidade em quantidades inimagináveis na história, criando um universo de exposição múltipla. Nas sociedades de visualidade excessiva como a atual, passado e futuro colocam-se como vetores de invisibilidade ou projeções que atendem a determinados setores sociais e, assim, constroem/desconstroem narrativas visuais persuasivas e imbuídas de discursos e estratégias de poder.

  Nesse universo de visualidades a intensidade, a externalização e o consumo voraz colocam-se, cada vez mais, como experiência e agência política de (in)visibilidade e memória que necessita de maior averiguação e acuidade.

  A partilha de experiências nesse mundo de construções e desconstruções a partir dos objetos artísticos, de reflexões acerca de seus usos, desusos e funções, sinaliza a forma com a qual estamos, atualmente, percebendo a sua intensidade em nosso metier. E talvez seja urgente pensá-los a partir da perspectiva da problematização, colocando-os no centro de uma grande teia de questões que, por certo, proporcionarão novos entendimentos sobre saberes já definidos.

  Pretende-se, dessa forma, integrar investigações desenvolvidas em linhas de pesquisa, das mais variadas áreas de conhecimento, que proponham pontos comuns entre as abordagens expostas.


Bibliografia

ALLOA, Emmanuel (Org.). Pensar a imagem. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

ARNOLD, Dana. Introdução à História da Arte. São Paulo: Ática, 2008.

BAXANDAL, Michael. Padrões de intenção: a explicação histórica dos quadros. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 31-119.

DIDI -HUBERMAN, Georges. Imagem sobrevivente: a história da arte e o tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014.

_____. Diante da imagem: questão colocada aos fins de uma história da arte. São Paulo: Ed. 34, 2013.

GINZBURG, Carlo. Medo, reverência e terror. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

MARTINS, Raimundo. Das Belas artes à cultura visual: enfoque e deslocamentos. In: Revista Visualidade e Educação. Goiânia: FUNAPE, 2008.

MIRZOEFF, N. Una introducción a la cultura visual. Barcelona: Paidós, 2003.

RANCIÈRE, J. A partilha do sensível. Estética e política. São Paulo: EXO; Editora 34, 2009.

ROLNIK, S. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre: Sulina, 2011.

SAMAIN, E. As imagens não são bolas de sinuca. Como pensam as imagens. In: SAMAIN, E. (Org.). Como pensam as imagens. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2012.

SCHMITT, Jean-Claude. A imagem sobrevivente. Ensaios sobre a cultura visual na Idade Média. Bauru: EDUSC, 2007.

WAIZBORT, Leopoldo (Org.). História de fantasmas para gente grande – Aby Warburg. Escritos, esboços e conferências. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.


Manuscritos, impressos, telas... Imagem e escrita em relação

Organizadores: André Luiz Marcondes Pelegrinelli (USP) e Maria Cristina Correia Leandro Pereira (USP)


  Imagem e escrita são intrinsicamente relacionadas, não havendo a segunda se não por meio da primeira, posto que a grafia existe como ordem sistematizada de signos visuais. Nas tabuinhas, rolos, códices e impressos - além de muros, quadros, tetos etc. –, escrita e imagem se relacionam na formação das palavras, mas também como aparato externo ao texto, colaborando na produção e veiculação de ideias. Dependência, complemento, afirmação, reforço, emancipação ou negação são algumas das operações possíveis nessas relações. Escrita e imagem também criam códigos simbólicos que se apresentam como uma categoria híbrida, que as inter-relacionam na criação, por exemplo, de monogramas (como o ☧ de Cristo), caligramas e iniciais ornamentadas - operações que com o advento das telas digitais e a desmaterialização da escrita, intensificaram fortemente a “imagetificação” do texto, apresentando novos desafios aos pesquisadores dessas linguagens (😍 😅 👊 🙏).

  Privilegiando a análise histórica, este simpósio recebe propostas de comunicação que tratem, entre outros, dos seguintes temas, independente de balizas cronológicas e espaciais:

  1. História da produção, uso e consumo de imagens em objetos de escrita (tabuinhas, inscrições, rolos, códices, impressos, livros, objetos tridimensionais, epígrafe, telas digitais, entre outros);
  2. Presença de escrita (verdadeira ou finta) em imagens de diferentes suportes e técnicas;
  3. Conexão escrita-imagem para formação de figuras híbridas (inicias ornamentadas, monogramas, símbolos variados, etc.);
  4. Discussões epistemológicas sobre o lugar da escrita e da imagem nas ciências que as pensam (história, história da arte, epigrafia, papirologia, codicologia, paleografia, filigranologia, filologia, entre outras).

Imagens midiáticas e/ou midiatizadas – temporalidades e historicidades

Organizadores: Áureo Busetto (UNESP/Assis) e Cássia Rita Louro Palha (UFSJ)


  No isolamento social da pandemia, com ocorrência a partir de março de 2020, a força das imagens midiatizadas nos fazem repensar as experiências e a historicidade de nossa relação com as tecnologias de comunicação. Ao longo do século XX, o mundo foi sucessivamente tocado por imagens (re)produzidas e veiculadas pela mídia, a qual avançara em tamanho, abrangência e modos de operar. Imagens que, ao serem integradas, paulatinamente, à vida cotidiana, deram provas do seu potencial relativo em influir nas formas de ver e apreciar a sociedade e de nela agir por diferentes e diversos agentes sociais, individuais ou coletivos.

  Com as facilidades trazidas pela internet em termos de difusão, troca e acesso de dados, o emprego de imagens em todo tipo de comunicação foi dinamizado e potencializado, a par de um considerável redimensionamento de interseções entre imagens reveladas desde tempos remotos até o presente imediato, bem como entre elementos imagéticos, textuais e sonoros. Conteúdos imagéticos que, elaborados oficial, corporativa e colaborativamente, emergem num fluxo ininterrupto e veloz a embaralhar elementos da originalidade, reprodução e ressignificações das imagens. Expediente que, entretanto, ao contrário de passado recente, não mais se restringe aos círculos dirigentes e de produtores da chamada indústria cultural, posto aberto a todos os integrados às infovias, com destaque para as redes sociais virtuais.

  A onipresença e dominância da imagem midiática e/ou midiatizada na vida cotidiana atual exigem cada vez mais dos pesquisadores, com especial apelo aos da área de História, porém, consonantes a abordagens interdisciplinares, o conhecimento e a compreensão da atuação da mídia ao longo do século passado e ao adentrar do atual. Sem, contudo, desconsiderar, conforme historicidades exigidas por questões específicas de pesquisas, recuos temporais mais amplos e, mesmo, o olhar histórico sobre sociedades distintas à ocidental contemporânea.

  Dotar de historicidade o domínio da imagem no presente imediato requer a perscrutação, análise e reflexão sobre proximidades e distanciamentos, continuidades e rupturas, concentração e descentralização, adesões e oposições, desejos e angústias investidas ao campo de possibilidades do produzir, emitir e, mesmo, da recepção de imagens midiáticas e/ou midiatizadas que compõem, ao mesmo tempo, à trajetória contemporânea da comunicação social e à do mundo em geral.

  Nesta direção, o Seminário Temático proposto é pautado pelo objetivo de reunir e debater resultados de pesquisas sobre as diferentes e diversificadas imagens midiáticas e/ou midiatizadas que conseguiram figurar ou buscaram constar no repertório imagético da sociedade contemporânea em geral, mas, também, nos de distintos grupos e coletividades que a compõem. Repertório quer atrelado a questões sociais, políticas, culturais e econômicas, bem como a temáticas localizadas em interfaces dessas dimensões da vida, quer registrado em suportes midiáticos desde o impresso, passando pelo filme e vídeo, até o digital, ou, ainda, na intersecção entre linguagens de diversas mídias. Sem perder de vista a caracterização e reflexão sobre temporalidades e historicidades das imagens midiáticas e/ou midiatizadas enfocadas e suas formas de produção e divulgação ou das múltiplas recepções delas.


Fotografia documental e fotojornalismo na América Latina

Organizadores: Carlos Alberto Sampaio Barbosa (UNESP/Assis) e Charles Monteiro (PUC/RS)


  Nesse simpósio temático procuramos, a partir de diversos contextos históricos, proceder a leituras e análises de conjuntos de imagens e problematizar a organização do campo da fotografia na América Latina no século XX, procurando compreender as relações entre fotojornalismo, fotodocumentarismo e artes visuais no contexto de mudanças mais amplas na cultural visual em relação às dinâmicas políticas e sociais. Permeando a discussão também o conceito de território político e uma reflexão sobre a forma como os fotógrafos e artistas questionam os limites institucionais dos sistemas de produção, circulação e consumo social da fotografia. Convidamos os pesquisadores a participarem com propostas de comunicação sobre os avanços da investigação nesta área que mobiliza o debate acadêmico sobre a história recente dos nossos países em uma perspectiva historiográfica, teórica e metodológica.


Práticas e culturas cinematográficas

Organizadora: Carolina Amaral de Aguiar (UEL)


  Os estudos sobre cinema procuram associá-lo, desde seu surgimento, a modos de olhar e de pensar o mundo e as sociedades. Nesse sentido, as práticas cinematográficas, bem como os produtos (filmes) que delas se originam, são consideradas importantes objetos e/ou fontes para as Ciências Humanas, em particular para a História Cultural, Sociologia, Antropologia, Filosofia e Comunicação. Tanto os filmes como as práticas envolvidas em seu processo de realização, difusão e exibição podem ser analisados desde uma perspectiva histórica, pois se relacionam a culturas de comunidades, grupos e sujeitos que se inserem num espaço/tempo definidos. As práticas e culturas cinematográficas estão ainda relacionadas à consolidação e à transmissão de memórias, seja em sua dimensão de constituição de arquivos, seja como aprendizado e práticas compartilhados. Por conta dessas características, o cinema, em suas múltiplas dimensões, pode ser visto como um espaço de disputa de memórias e de narrativas, constituídas pelas múltiplas possibilidades de articulação entre imagem, texto e som – além das formas também diversas ligadas à sua inserção em circuitos culturais mais amplos.

  Diante dessas características que envolvem a prática cinematográfica, este seminário temático convida pesquisadores que estudem o campo audiovisual a enviarem seus resumos. Serão consideradas propostas que, de modo geral, dialoguem com os seguintes objetivos de pesquisa: 1) analisem discursos estéticos/políticos/sociais materializados em filmes e/ou outros suportes audiovisuais, preferencialmente por meio da análise fílmica; 2) estudem redes de sociabilidade, circulação de obras e de sujeitos, modos de exibição, entre outras características que se relacionam à ideia de culturas cinematográficas; 3) pesquisem cinematecas, arquivos, revistas especializadas, escolas, cineclubes, festivais, museus, programações especiais, entre outras instâncias que criam, difundem e preservam práticas heterogêneas do universo cinematográfico; 4) reflitam sobre as fronteiras do audiovisual, em relação ao cinema ou outras linguagens, assim como suas configurações ao longo do tempo.


História, imagem e humor

Organizador: Rozinaldo Antonio Miani (UEL)


  Estudado há séculos por muitas áreas do conhecimento humano, o humor é um fenômeno universal multiforme e ambíguo, podendo ser amigável, mas também agressivo ou sarcástico. De todo modo, o humor expressa, no mais das vezes, um potencial de transgressão de regras que, segundo Umberto Eco acarreta o “destronamento dos poderosos”. Para Terry Eagleton, “o humor pode alienar e relativizar as normas pelas quais vivemos, mas também pode reforçá-las”. O fato é que, a partir de múltiplas matrizes filosóficas ou sociológicas, o humor tem mobilizado o interesse de pesquisadores e analistas sociais por sua natureza crítica e seu caráter lúdico, valendo-se da metáfora, da ironia, do burlesco ou do grotesco para expressar, representar ou denunciar as mazelas de um determinado tempo e contexto sócio-histórico. Há que reconhecer, ainda, que tomar o humor como objeto de estudo implica assimilar pontos de vista teóricos e metodológicos diversificados, sugerindo diferentes abordagens sobre o referido fenômeno. No campo dos estudos da imagem, o humor tem presença assegurada como ingrediente e objeto de primeira grandeza; por sua vez, no campo da História das visualidades, o humor contempla tempos e espaços plurais e se revela como uma estratégia político-ideológica de grande potencialidade. Nesse sentido, esse simpósio temático tem como objetivo proporcionar um espaço produtivo para a apresentação e o debate de reflexões, pesquisas e estudos relacionados às diversas expressões do humor no âmbito das produções imagéticas de modo geral em suas manifestações histórica, social, política e cultural, bem como estimular o compartilhamento de experiências referentes às múltiplas aplicações e aprofundamentos teórico-metodológicos do humor no contexto dos múltiplos objetos visuais. Serão acolhidos trabalhos que versem sobre as manifestações do humor gráfico, expressas por meio de suas distintas modalidades (histórias em quadrinhos, charges, cartuns, caricaturas, ilustrações, tiras cômicas, desenhos de humor), bem como sobre o humor multimidiático dos memes, o humor no cinema, na publicidade e demais manifestações do humor em ambientes e produções artístico-culturais de base visual. Reflexões a respeito do humor como categoria analítica nos estudos no campo da História, bem como em outras áreas do conhecimento, também estão contemplados nos propósitos deste simpósio temático.


Imagem e Educação

Organizadora: Terezinha Oliveira (UEM)


  Este eixo tem como finalidade promover reflexões acerca da imagem como parte essencial da formação humana. Tendo como fundamentum esse princípio, entende-se as representações visuais sob a multiplicidade de práticas educativas em diferentes tempos históricos. Assim, os usos da iconografia se desdobram sob as mais diversas possibilidades e suportes (pinturas, fotografias, grafite etc). A partir da variedade de formas e abordagens, é sempre possível a apropriação educativa, porque as imagens têm essa intenção ou porque elas possibilitam conhecimento sobre o passado.


Guerra das imagens: a cultura oriental e suas difusões

Organizadores: Richard Gonçalves André (UEL) e José Rodolfo Vieira (UNESP)


  O Oriente, bem como a cultura asiática e suas difusões de forma geral, têm sido envoltos no que o historiador francês Serge Gruzinski denomina, em seu livro homônimo, uma “guerra das imagens”. Por um lado, certos autores têm representado o Oriente utilizando de penas, pinceis, câmeras, notas musicais e da própria corporeidade de formas variadas. Algumas dessas narrativas recaem sobre o que o intelectual palestino Edward Said denominou “orientalismo”, isto é, conceber visões do Oriente a partir de um olhar exótico, essencialista, congelado no tempo e, geralmente, inclinando-se para preconceitos etnocêntricos. Embora Said tenha se referido em sua obra ao Oriente Médio, seu criticismo poderia ser aplicado ao Oriente de modo mais amplo, envolvendo, por exemplo, a China, as coreias e o Japão, entre outras regiões. Apenas para citar um exemplo, os episódios recentes de sinofobia acusando os hábitos alimentares de chineses de produzirem a Covid-19 reconstroem em 2020 preconceitos datados do século XIX, constituindo uma das facetas sombrias do orientalismo.

  Por outro lado, produções que problematizam as representações orientalistas têm crescido nos últimos anos, partindo, principalmente, da academia. No entanto, trata-se, ainda, de um campo em processo de estruturação considerando o cenário histórico que permanece com ênfase eurocêntrica, privilegiando não apenas conteúdos (renascimentos, revoluções e iluminismos), mas também repertórios teóricos e metodológicos. Não é coincidência, nesse sentido, que as grandes matrizes epistemológicas da História sejam inglesas, francesas e alemãs. De qualquer forma, as investigações sobre o Oriente e suas repercussões, inclusive em outros países, têm avançado mais recentemente, trazendo questões mais profundas para pensar o fenômeno para além das noções cristalizadas do orientalismo.

  Entre o orientalismo e essas visões mais densas, haveria justamente essa guerra de imagens que, como sugere o próprio Gruzinski, é algo baseado no conflito, entrelaçando a dimensão da cultura e da política. No presente simpósio temático, pretende-se congregar pesquisadores de todos os níveis acadêmicos que desenvolvam investigações acerca do uso de imagens, independentemente do suporte (fotografia, pintura, quadrinhos, etc.), relacionadas à cultura oriental, seja em seus países de origem, seja em sua difusão pelo Ocidente.


As narrativas flutuantes da moda: cultura, imagem e consumo

Organizadoras: Carla Cristina Siqueira Martins (UEM), Patrícia Marcondes de Barros (UEL) e Solange Riva Mezabarba (Faculdade de Design de Moda do Senai Cetiqt - Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil)


  Stuart Ewen, historiador estadunidense especializado em estudos de mídia e cultura de consumo na obra All Consuming Images: the politics of style in contemporary culture (1988), chamava a atenção para o sistema de gerenciamento de imagem, fortemente instalado na contemporaneidade. O autor sugere uma “tirania” da imagem, notadamente amparada na emergência de uma cultura da imagem, com implicações sociais e políticas. Essas manifestações, para o autor, se dão no campo da arquitetura, da publicidade, da política, mas, sobretudo, da moda. A moda, fenômeno fortemente presente no mundo urbano industrial do século XX, se consolida e impulsiona o culto às novidades. O antropólogo Ted Polhemus, ao desenvolver conceitualmente as oposições moda e não-moda, localiza na Europa da Idade Média, pouco antes do Renascimento, elementos que contribuíram para a valorização da imagem de si. Entre eles, uma crise na aristocracia, bem como, paralelamente, o desenvolvimento de ofícios, comércios, educação, circulação de bens e pessoas. Bens posicionais inscritos no corpo passam a definir mais claramente os indivíduos na estrutura social. Mas esse movimento não era exatamente uma novidade, afinal, trajes e adornos corporais sempre descreveram a situação dos indivíduos dentro da sua coletividade. A novidade era a desconfiguração e o enfraquecimento de estratos, espaço em que a moda, tal como descreve Polhemus, se encaixava como expressão lógica e apropriada da mobilidade social.

  Reafirmando um modelo de narrativa flutuante, não é apenas a moda que sinaliza rupturas. A imagem pessoal, ainda no espectro que Polhemus denomina “não-moda”, pode se posicionar como um “protesto silencioso” na inconformidade que determinados indivíduos se veem numa estrutura social. Os punks, na Inglaterra dos anos 1960 e 1970, exemplificam bem essa prática, ao afrontar o sistema com roupas e adornos que feriam os códigos da cultura estabelecida. Não tardou, porém, para que um agente de transferência do sistema da moda, Vivienne Westwood, colocasse o estilo punk nas passarelas e, como consequência, se tornasse moda obliterando uma imagem de crítica e ameaça ao sistema. Mais recentemente, não podemos deixar de trazer o ponto de vista de Lipovetsky e Serroy (2015) para quem o estilo, a mobilização dos gostos, projetos estéticos individuais definem o que chamam de capitalismo de hiperconsumo. A proposição dos autores dialoga com Ewen (1988), ao destacar a estética como motor propulsor do novo capitalismo. Não podemos ignorar, no entanto, o ponto de inflexão no qual se desenha um mundo que busca se reestruturar durante uma pandemia como não se vivia desde o final da Primeira Guerra Mundial.

  As questões que movem este simpósio temático, portanto, tendem a articular a moda como possibilidade de um projeto estético, mas se colocando como narrativa flutuante, relacionada ao eixo cultura e consumo. Dentro dessa perspectiva, serão aceitos trabalhos que tenham como mote a moda como tema de reflexão à luz das suas narrativas no tempo e espaço, na produção de imagens no âmbito das discussões sobre relações de gênero, raça, das práticas religiosas, da marcação de posições sociais e políticas, da representatividade de corpos, entre outros diálogos possíveis.


Gênero, corpo e sexualidades

Organizadora: Edméia Ribeiro (UEL)


  O conceito de gênero procura explicar as desigualdades entre mulheres e homens enquanto construções sociais. Ser mulher e ser homem não é fruto da natureza, mas da forma como as pessoas vão aprendendo a ser, em uma determinada sociedade, em um determinado momento histórico. Neste eixo temático também trabalharemos com as questões imagéticas referentes à compreensão do local destinado ao corpo, nos sistemas de valor religioso, moral, social e cultural, assim como aquelas relacionadas às sexualidades, ao movimento LGBTTTI, o qual inclui em sua temática a homossexualidade, bissexualidade, travestismo, transexualidade e intersexos. Neste eixo temático serão aceitas pesquisas que utilizam imagens para problematizar as relações de gênero, as reflexões sobre o corpo e diversidade sexual.


Para olhar uma fotografia

Organizador: Rogério Ivano (UEL)


  A partir da paráfrase de “Para entender uma fotografia”, de J. Berger, este simpósio temático busca agrupar pesquisas que consolidam, atualizam e inovam os olhares que formulam leituras sobre a fotografia. De Benjamin a Flusser, de Barthes a Sontag, de Berger a Harazim, de Machado a Samain, de Dubois a Rouillé, de Kossoy a Souza Martins, entre outros que nos auxiliam a olhar as fotografias, quais são as perguntas feitas e respondidas pelas pesquisas? Produto, documento, arte, objeto, monumento, além de tudo isso, o que a fotografia tem de mais? Ou de menos?


Religiões e religiosidades

Organizadora: Angelita Marques Visalli (UEL)


  A figuração e a vida religiosa. Os aspectos materiais e imateriais em torno da imagem religiosa. A produção da imagem, o universo simbólico, as ressignificações. A imagem e seu lugar nas práticas religiosas. Ritos de morte vida.


Publicidade, marketing e consumo

Organizadores: Rodolfo Rorato Londero (UEL) e Denize Helena Lazarin (UFSM)


  Entender o consumo não é uma tarefa fácil, e por isso muitas áreas do conhecimento já enfrentaram e continuam enfrentando o problema: as abordagens econômicas, clássica e crítica; o viés sociológico, dominante nos anos 1960 e 1970, responsável pela noção de sociedade do consumo; a mais recente antropologia do consumo, em busca de um conceito universal de consumo, aplicável às sociedades tanto industriais quanto pré-industriais; entre outras. Essas abordagens disciplinares geraram e continuam gerando uma ampla gama de conceitos, como fetichismo da mercadoria, consumo conspícuo, estética da mercadoria, retórica da imagem, sociedade do espetáculo, cultura do consumo, etc. Não causa surpresa constatar essa produção incessante de conceitos, pois o próprio consumo é um fenômeno em constante transformação. Em ensaio dedicado à mais recente crise do capital, decorrente da pandemia do novo coronavírus, o geógrafo David Harvey mostra as atuais transformações do consumo, como o decrescimento de formas baseadas em experiência (o turismo internacional, principalmente) e o crescimento das chamadas “economias de plataforma” (Netflix, Ifood, Facebook, etc.). A proposta do eixo “Publicidade, Marketing e Consumo” é discutir sobre o papel da imagem na cultura do consumo, bem como a relação entre comunicação visual, comportamento do consumidor e atividades correlatas (publicidade, marketing, design, moda, etc.). Procura-se assim propor novos problemas e/ou repensar contribuições anteriores, bem como abordar casos específicos e/ou atuais.


Imaginários e mitologias contemporâneas

Organizadores: Prof. Dr. Alberto Carlos Augusto Klein (UEL), Prof. Dr. André Azevedo da Fonseca (UEL) e Prof. Dr. Hertz Wendel de Camargo (UFPR)


  Há alguns anos, uma geração de cientistas sociais passou a reconhecer as funções múltiplas e complexas do imaginário na vida coletiva. Ficou cada vez mais claro que o domínio do simbólico deve ser interpretado como um importante lugar estratégico nas mais diversas dimensões da vida social. Por isso, o imaginário deixou de ser visto como um mero ornamento de uma vida material – tradicionalmente considerada como a única “real”. Até mesmo no campo da política, percebeu-se que as imagens de caráter mobilizador são condições fundamentais da própria atuação das forças.

  A partir de perspectivas interdisciplinares, os estudos do imaginário, das religiões e das mitologias demonstram que os símbolos e as representações guiam ações, modelam comportamentos, canalizam energias e, em última instância, legitimam violências. Bens simbólicos são formulados em qualquer sociedade e nada têm de irrelevante. Ainda que imateriais, existem em quantidade limitada. Alguns deles chegam a ser particularmente raros e preciosos: evidência disso é que, frequentemente, tornam-se objetos de lutas e conflitos entre grupos com distintas visões de mundo. Daí o interesse histórico dos detentores de poder em controlar os meios de comunicação.

  As narrativas midiáticas são fenômenos que compõem os imaginários sociais, alimentam e são alimentadas pela cultura, e operam com linguagens, discursos e imagens em pleno diálogo com símbolos, alegorias, arquétipos e memórias ancestrais da humanidade. Por isso, essas narrativas cinematográficas, televisuais, publicitárias, jornalísticas e das séries streaming – assim como os memes e as mais diversas linguagens das redes sociais – carregam pulsões que atravessam a história do ser humano criando formas de ser e estar em sociedade e de se relacionar com a realidade, o outro e a própria identidade. Do consumo que instrumentaliza rituais, mitos, totens, temporalidades e magias para a sedução do olhar aos arrebatamentos do cinema, as mídias dialogam concomitantemente com o passado e os avanços tecnológicos. Considerando as transformações aceleradas do capitalismo informacional, assim como as instabilidades políticas que caracterizam as duas primeiras décadas do século 21, essas dinâmicas abrem perspectivas importantes de investigação nos campos cada vez mais interconectados da política, da sociedade do consumo e das religiões.

  O objetivo do simpósio temático é promover a articulação entre pesquisadores das mais diversas áreas das Ciências Sociais e Humanas, cujos trabalhos contemplem perspectivas distintas sobre como os mitos resistem, circulam e são atualizados no imaginário contemporâneo. As investigações podem optar por diferentes campos e referenciais teóricos, desde que o problema esteja relacionado ao tema dos imaginários e mitologias contemporâneas. O simpósio se interessa por estudos a respeito da produção de sentido nas mídias, bem como suas expressões de linguagem, incluindo as dinâmicas do mito e do imaginário na construção de narrativas.

Palavras-chave: Sociedade de Consumo; Política; Imaginário; Religião; Mitologia


Cinema e História: entre práticas e representações

Organizadora: Lunielle de Brito Santos Bueno (UEL) e Rosa Amélia Barbosa (IFSP)


  O objetivo deste Simpósio Temático é elencar as múltiplas possibilidades apresentadas pelos meios audiovisuais em relação com a historiografia e áreas afins. O olhar, o olhante e o olhado são dimensões que perpassam as pesquisas sob o domínio ou em diálogo com os estudos culturais. Nessas, as emoções humanas estão cada vez mais colocadas em perspectiva e, entender como tal dimensão auxilia na compreensão das relações sociais e das transformações culturais é uma tarefa significativa para as humanidades.

  O cinema, que nos olha e é olhado por nós, como campo de disputas de memórias, representações e discursos, nos convida a olhar um mundo projetado, apresentado à tela, que mobiliza nossos imaginários e nossas próprias representações mentais sobre personagens, acontecimentos, lugares, valores e afins. Por conseguinte, neste, acolheremos trabalhos que discutem: as relações entre história e cinema a partir de análises cinematográficas e sócio-históricas da fonte; discussões acerca de imaginário; imaginário social; práticas e representações sociais e antropologia cultural e social da imagem cinematográfica.

  Serão consideradas as propostas que abarquem o cinema como fonte ou objeto de pesquisa em suas múltiplas linguagens, a saber, comercial, alternativa, documental e/ou ficcional, com recortes mais abrangentes como a comparação de um corpus documental ou com recortes temáticos que dialoguem com gênero e sexualidades, constituição e subjetivação dos sujeitos e utilização do cinema em sala de aula.

Palavras-chave: Cinema.